Existe racismo no
Brasil? Faça o Teste do Pescoço e descubra.
Andando pelas ruas, meta o
pescoço dentro das joalherias e conte quantos negros (as) são balconistas.
Veja em quaisquer escolas particulares,
sobretudo as mais caras..., espiche o pescoço para dentro das salas e conte
quantos alunos negros há. Aproveite e conte quantos professores são
negros e quantos negros estão varrendo o chão.
Vá a hospitais como Sírio
Libanês, enfie o pescoço nos quartos e conte quantos pacientes são negros. Gire
o pescoço e conte quantos médicos negros há. Aproveite para espichar bem o seu
pescoço nos corredores e conte quantos negros limpam as vidraças ou servem
cafezinho.
Quando der uma volta em algum
shopping, gire o pescoço para as vitrines e conte quantos manequins representam
a etnia negra. Enfie o pescoço nas revistas de moda, nos comerciais de
televisão e conte quantos (as) modelos negros (as) fazem publicidade de
perfumes, carros, viagens, vestuários e etc. Reflita acerca da autoestima das
crianças negras e brancas.
Vá às universidades públicas,
observe nos cursos mais concorridos da USP e UNICAMP, torça o pescoço a
procurar pelos negros e negras. Conte quantos são professores, alunos e
serviçais.
Espiche o pescoço numa reunião de
partidos e conte quantos políticos são negros desde a fundação. Depois faça uma
reflexão a respeito de alguns partidos serem contra todas as reivindicações das
comunidades negras, sobretudo as Cotas Raciais.
Meta o pescoço nas cadeias, nos
orfanatos, nas casas de correção para menores e conte quantos são brancos. É
mais fácil.
Gire o pescoço e procure
quantas empregadas domésticas, serviçais, faxineiros, favelados e mendigos são
brancos. Pergunte-se qual a causa dos descendentes de europeus ou
orientais não serem vistos embaixo das pontes, em favelas, na mendicância ou
varrendo o chão. Quando seus ascendentes chegaram ao Brasil? Quando terminou a
Abolição?
Espiche bem o pescoço na hora do
Globo Rural e conte quantos fazendeiros são negros, depois tire a conclusão de
quantos são sem-terra, quantos são sem-teto. Gire o pescoço durante a exibição
do programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios e conte: Quantos
empresários são negros?
Nos canais abertos de televisão,
gire o pescoço nas programações e conte quantos apresentadores,
jornalistas ou âncoras de jornal, artistas em estado de estrelato, são negros.
Onde as crianças negras se veem representadas? Pergunte-se se esta espécie de
racismo é construtivo para a autoestima dos filhos de determinada etnia?
Enfie seu pescoço dentro
das instituições bancárias e conte quantos negros são gerentes, quantos são
caixas e quantos são faxineiros.
Vá num dos bairros mais caros de
sua cidade, gire seu pescoço pelas ruas, dentro das casas, no comércio.
Quantos negros são moradores? Quantos são seguranças e empregados domésticos?
Aproveite e torça seu pescoço nos “melhores” restaurantes, quantos clientes são
negros? Aliás, conte quantos chefs são negros? Pergunte-se a diferença de
salários entre um chef badalado e as cozinheiras negras.
Aplique o “Teste do Pescoço”
no seu dia a dia, em todos os lugares, tire suas próprias
conclusões. Somos de fato um país pluricultural, uma
“Democracia Racial”, tratados iguais e com as mesmas chances? Desde quando
existe esta diferença que você viu? Procure na História do Brasil, regresse 500
anos e encontre as respostas.
Fonte:
Revista Carta Capital.