“TAMBORES
DE ARROZAL”
Um
documentário realizado pela Produzcultura, que relata a história do jongo,
tradição enraizada no povo arrozalense, descendente de africanos, trazidos como
cativos para a agricultura da região conhecida como Vale do Café.
O
filme teve seu lançamento, no dia 24 de novembro de 2018, no Casarão Cultural,
Distrito de Arrozal, Piraí-RJ, como parte das comemorações do Mês da
Consciência Negra.
Além
de Piraí, o documentário será lançado nas cidades do Rio de Janeiro e São
Paulo, no início de 2019.
Com o objetivo de reconhecer a significância do povo arrozalense como
protagonistas de sua história, os documentaristas Carlos Júnior e Sandro Vox, e
o jornalista Eufrate Almeida, debruçam sobre o arcabouço histórico daquele povo,
transformando suas narrativas em imagens, tornando as rodas de jongo em planos
cinematográficos e, o resultado, imortalizado em mídia digital.
A decisão de participar desse documentário, pelo grupo de jongo
arrozalense, foi a forma de reverenciar seus ancestrais, cultivar suas raízes e
incentivar as novas gerações para a continuidade da cultura do jongo, como uma
das heranças históricas da região.
A História das comunidades remanescentes dos quilombos, não estaria
completa, não fosse pela musicalidade dos descendentes de africanos. O distrito de Arrozal, na Cidade de Piraí, no
Estado do Rio de Janeiro, carrega a verdadeira herança histórica da cultura
africana, revelada em seus cantos e danças. O Jongo, também conhecido
como caxambu e corimá,
é uma dança de origem africana, praticada ao som de tambores; é uma
música, essencialmente rural e faz parte da cultura afro-brasileira;
influenciou, em especial, na formação do samba carioca, e a cultura
popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, como são chamados
os seus praticantes, o jongo é alma e espírito do samba. O grande fruto dessa
cultura, sem dúvida, foi o samba! Com seus tambores, construídos a partir de
tronco de árvore e pele de animal, afinados ao calor da fogueira, o Jongo era o
ritmo mais tocado no alto das primeiras favelas cariocas. Nas casas dos antigos
sambistas e compositores de respeito e, na velha guarda das escolas de samba,
havia sempre rodas de Jongo. Do ritual de encontro entre jongueiros, por meio
de poesia de improviso a ser decifrada, surgiram os famosos versos de
partido-alto e do samba de terreiro, que devem ser criados na hora, pelo
improvisador, e respondido pelo desafiante. Uma herança clara das Rodas de
Jongo.
São João Batista do Arrozal ou simplesmente Arrozal, é o terceiro
distrito do Município de Piraí-RJ, e tratava-se de uma região muito próspera na
agricultura; ocupava a mão de obra de, aproximadamente, dez mil negros
escravizados nas culturas de arroz, cana de açúcar e café.
Até final do século XIX, o local serviu de entreposto comercial, grande
parte da produção agrícola dos municípios paulistas e mineiros, do Vale do
Paraíba, escoava por Arrozal, em direção aos portos do Estado do Rio.
Hoje, pouco mais de sete mil pessoas vivem em Arrozal e menos de 1%
mantém as tradições de seus ancestrais, oriundas do continente africano, é
nessa parcela que o jongo sobrevive.