RACISMO, HOMOFOBIA E ÓDIO CAMINHANDO JUNTOS, NO CASO LUDMILA.
Dessa vez o ato ocorreu na
entrega do Prêmio Multishow. Ela foi chamada de macaca, ao se encaminhar para
receber o troféu de melhor cantora do ano. A artista relata que não viu de onde
saiu a ofensa, portanto, não pode tomar nenhuma atitude.
Tal ofensa expressa a
astúcia e a perversidade contidas no racismo, fundamentado por um grupo de
cientistas admiradores do nazismo, que utilizavam a imagem do africano, no
início do século 20, para provar a subumanidade do negro, comparando-o aos
primatas, sustentando a tese da supremacia branca.
Um episódio que ganhou
destaque na comunidade científica e divulgado ao mundo é a história do pigmeu
Ota Benga.
Em 1904, o missionário
americano, Samuel Phillips Verner, levou aos Estados Unidos oito pigmeus
congoleses, entre eles Ota Benga, à Feira Mundial da Ciência de St. Louis, a
fim de exibi-los ao departamento de antropologia do evento. Em 1906, Ota foi
colocado em exposição numa jaula com orangotangos, no zoológico do Bronx, em
Nova York, cuja alimentação era basicamente bananas arremessadas pelos visitantes.
Ota aproximou-se dos
primatas e fez amizade a ponto de passar a maior parte do tempo brincando e
interagindo com eles. A figura emblemática desse pigmeu é exibida segurando um
filhote de macaco em seu colo, como se fora uma criança, um filho. Com a
proximidade identificada entre os dois serem, a tese teve como resultado a
subumanidade do negro, pela afinidade observada no relacionamento entre as
espécies.
Após a divulgação dessa
tese, a Alemanha de Hitler foi um dos países que adotaram a prática racista de
manter famílias africanas enjauladas, expostas em zoológicos para incutir na
memória dos visitantes a ideia da subumanidade do povo negro, comparando-o aos
primatas, dando ideia de um ser sem alma e com baixo grau de inteligência.
Essa história é a
visão trágica da bestialidade de um grupo que expressa o racismo, a exploração
humana e o abuso científico.
Sem falar e entender uma
só palavra do inglês e dos demais idiomas europeus, Ota demorou,
aproximadamente, dez anos para entender o que se passava e a que papel ele
prestava, quando cometeu suicídio, em 1916.
Essa história compõe o
documentário “The Human Zoo”
além dos livros: The Forest People, de autoria de Colin Turnbull's e Canisius
Coll, Buffalo, de H. James Birx.
Portanto, chamar um negro
de macaco é verbalizar um pensamento pernicioso, racista e quem o cultiva,
talvez não tenha o conhecimento histórico/científico sobre o assunto,
entretanto, mensura que tal comparação seja uma carga difícil para o indivíduo
negro suportar.
A prática de comparar uma
pessoa negra com um primata passa pela ação neonazista a que foi submetido Ota
Benga, perpetuada de geração em geração e incutida na memória racista dessas
pessoas.
Por:
Eufrate Almeida