PÁGINAS


RAÍZES AFRICANAS - EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA


EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA 


"RAÍZES AFRICANAS
Nesta mostra foram retratados cinco países do continente africano:
 Senegal, Costa do Marfim, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Gâmbia.


  
No início da minha carreira como jornalista, decidi conhecer alguns países do continente africano e além da curiosidade, algo mais me preocupava, sabia que a maioria da população brasileira desconhecia a história daquele continente, a existência de grandes cidades, a diversidade de idiomas, a riqueza cultural e a importância da ancestralidade africana no desenvolvimento das culturas no mundo. Frente à oportunidade e a necessidade de conhecer melhor o continente de onde descende a segunda maior população negra do mundo, 45% da população brasileira (fonte IBGE), embarquei para o Senegal, Costa do Marfim, Cabo Verde, Gâmbia e Guiné Bissau.
As minhas viagens tinham como objetivo colher informações que suprissem a lacuna deixada pelos livros didáticos brasileiros, pois, a história da África, pouco é contemplada no currículo escolar no Brasil. A invisibilidade do continente africano, no ensino fundamental e médio, é total. Minha preocupação maior era, e ainda é, a maneira com que as crianças recebem as informações – sempre negativas – por parte dos meios de comunicação, enfatizando a miséria, a guerra, as doenças, a fome entre outros males, como se isso não acontecesse em outros lugares do mundo - inclusive no Brasil -, fazendo com que as crianças, jovens e adolescentes neguem sua afrodescendência e sintam-se totalmente desinteressados para o assunto. Parafraseando o professor Henrique Cunha Júnior (Universidade Federal do Ceará), a imagem do africano em nossa sociedade é a do selvagem acorrentado à miséria. Informação essa, de caráter racista, produtora de um imaginário pobre, preconceituoso e brutal, que cria dificuldade em articular um novo raciocínio sobre a história daquele continente.
A missão da qual me propus, foi manter contato com as culturas urbana e rural e, por meio da convivência, retratar o cotidiano, a alegria e a receptividade do povo africano. Com recursos próprios, realizei a viagem com sucesso e trouxe imagens incomuns, passando a exibi-las em exposições, palestras em escolas, associações, entidades classistas, além de ilustrar livros e revistas. Nessas palestras com a apresentação de slides, pude vivenciar o espanto das pessoas quando viram prédios e carros luxuosos, a ponto de certificarem, se realmente as fotos teriam sido feitas na África. O trabalho desenvolvido nas escolas da periferia e em comunidades carentes, serviu para elevar a autoestima das pessoas – a maioria negra – e revelar a realidade positiva do continente africano.

Por: Eufrate Almeida