PÁGINAS


PROJETO - OURI: UM JOGO AFRICANO NO DESENVOLVIMENTO DA MATEMÁTICA




Caderno produzido pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.


AUTORES:

  • Eufrate Almeida – Educador, repórter fotográfico, ativista em movimentos sociais e pesquisador das culturas africana e afro-brasileira. 
     
  • Maria Filomena Lopes Serra dos Santos - Educadora 


Disciplina: Matemática
Escola: EMEF Aroldo de Azevedo – (EJA) Educação de Jovens e Adultos




Ourí é um jogo que tem suas raízes filosóficas no campo, com o formato de semeadura e colheita: na medida em que um jogador se prepara para ocupar as casas do adversário, com suas sementes, ele monta a estratégia para colher as sementes do outro. O ouri pertence a uma família de, aproximadamente, 200 jogos de tabuleiro, designada por Mancala Sua origem se deu no norte da África (Egito), em 1400 a.c. Mais tarde, foi introduzido no restante do continente e na Ásia No século 16, por intermédio dos escravos chegou à América e às Antilhas Hoje, o jogo de ouri é praticado em quase todas as regiões africanas. O nome varia de País para País e até de aldeia para aldeia, com algumas variantes, embora as regras, no essencial, sejam as mesmas. Há regiões africanas onde se jogam em tabuleiros com formatos variados e diferentes tipos de sementes, de acordo com a abundância de cada lugar.
Na Nigéria, chama-se
Os nomes de ouri oril, uril, ori, oro, ou urim, entre outros, coincidem com a especificidade de cada ilha de Cabo Verde No continente africano recebe também designações diversas: Benin
O jogo é executado sobre um tabuleiro com doze buracos (casas) e quarenta e oito sementes.



                                                                  TABULEIRO

UMA FORMA LÚDICA DE DESENVOLVER A MATEMÁTICA
O ouri visa despertar o interesse e mobilizar a atividade do aluno na Matemática.
Este jogo alia raciocínio, estratégia e reflexão, com desafio e competição, de forma lúdica. A sua prática contribui para o desenvolvimento da capacidade de formalização de estratégias, memorização e para o desenvolvimento pessoal e social.
Um aspecto importante será o tratamento e a exploração dos temas “Números/Cálculo”, “Probabilidade/Estatística” e “Álgebra/Funções”, subjacentes ao jogo.
Ao introduzir o jogo nas escolas pretende-se que os alunos adquiram e desenvolvam, em ambiente lúdico, interativo e em diferentes contextos (sala de aula, recreio, biblioteca, família etc.), um conjunto de competências relevantes ao desenvolvimento do pensamento matemático:
A destreza manual, a lateralidade, as noções de quantidade e de sequência, as operações básicas mentais, quando da aplicação das regras em cada jogo, por exemplo, o sentido convencional do jogo – sentido anti-horário. O uso de processos organizados de contagem na abordagem de problemas combinatórios simples, por exemplo, os conceitos de chance, de eventos aleatórios, equiprováveis e não-quiprováveis.
A procura de padrões e regularidades e a formulação de generalizações.
No contexto numérico, durante o desenvolvimento de cada jogada, encontrar uma estratégia vencedora.
O ouri pode proporcionar atividades cooperativas de aprendizagem orientadas para a integração e troca de conhecimento, de forma lúdica e em múltiplos contextos.
Os objetivos essenciais são: Estudar sobre os Países africanos onde o jogo ouri é desenvolvido, atendendo o que preconiza a Lei Federal nº 10.639/03, que torna obrigatório o estudo da história da África e cultura afro-brasileira, no currículo escolar; propor ações com as quais os educandos poderão refletir sobre a discriminação e o preconceito, assim como reconhecer e transmitir a identidade africana do povo brasileiro e sua importância para a promoção da igualdade étnico-racial; proporcionar a compreensão teórica e a aplicação prática da Lei Federal nº 10.639/03 na área da Matemática; promover um conjunto de atitudes, de capacidades e de conhecimentos relativos à Matemática; incentivar formas lúdicas de aprendizagem da Matemática; transmitir noções de cidadania, utilizando material reciclável na confecção do tabuleiro
do jogo e integrar outras áreas de conhecimento (Geografia, História, Artes) no ensino da Matemática.
A razão principal em promover uma atividade utilizando o ouri, no desenvolvimento da matemática em sala de aula, é inserir no imaginário dos alunos a construção significativa e positiva da herança e cultura africana no contexto universal.
A realização dessa atividade tem como linha orientadora a integração e a troca de conhecimento da cultura africana.
Com o ouri acreditamos que o aluno seja capaz de: 
  • relacionar harmoniosamente numa perspectiva pessoal e interpessoal;
  • mobilizar conhecimentos culturais e científicos de forma a valorizar as diferentes formas de conhecimento, comunicação e expressão;
  • desenvolver a curiosidade intelectual e o gosto pelo conhecimento e estudo;
  • promover a capacidade de adaptar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões;
  • realizar atividade autônoma, responsável e criativa, além de contribuir com a preservação do meio ambiente, utilizando material reciclável na confecção do tabuleiro.

ESTRATÉGIAS
Atividades desenvolvidas nas aulas de Matemática:
Formação de grupos de alunos para a apresentação e ensino das regras do jogo Ouri; Aulas teóricas sobre “números e cálculo”, “probabilidade e estatística” e “álgebra e funções”, utilizando o jogo ouri; Apresentação do jogo ouri “online” e disputa entre os alunos.
Organização de uma competição entre os alunos e, posteriormente, entre salas.

Atividades desenvolvidas nas aulas de História:
Os alunos responderão a um questionário diagnóstico com questões relativas à sua identidade étnica, à discriminação e ao preconceito sofrido pelo afro-brasileiro; o conhecimento do continente africano, ação afirmativa e a escravidão no Brasil. Após análise das questões, os alunos assistirão a uma palestra interativa, sobre os aspectos culturais e geográficos de alguns países africanos, onde o jogo ouri é praticado com a apresentação de um documentário sobre a África do Sul e fotografias do Senegal, Costa do Marfim, Gâmbia, Cabo Verde e Guiné-Bissau, países visitados por Eufrate Almeida.
Os educadores poderão propor as seguintes atividades aos educandos: leitura de livros (acervo do programa A Cor da Cultura ou da Bibliografia Afro-Brasileira etc.) e discussão dos filmes: Vista a Minha Pele, a Rota dos Orixás, Kiriku entre outros.

Atividades desenvolvidas nas aulas de Artes:
Montagem de tabuleiros, com material reciclável, desenvolvendo o raciocínio e a criatividade.