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DOCUMENTÁRIO "TAMBORES DE ARROZAL"






 “TAMBORES DE ARROZAL”


Um documentário realizado pela Produzcultura, com direção de Calos Júnior e produção executiva de Eufrate Almeida, relata a cultura do jongo, tradição enraizada no povo arrozalense, descendente de africanos, trazidos como cativos para a agricultura da região conhecida como Vale do Café.
Com o objetivo de reconhecer a significância do povo arrozalense como protagonistas de sua história, os documentaristas Carlos Júnior e Sandro Vox, e o jornalista Eufrate Almeida, debruçam sobre o arcabouço histórico daquele povo, transformando suas narrativas em imagens, tornando as rodas de jongo em planos cinematográficos e, o resultado, imortalizado em mídia digital.
A decisão de participar desse documentário, pelo grupo de jongo arrozalense, foi a forma de reverenciar seus ancestrais, cultivar suas raízes e incentivar as novas gerações para a continuidade da cultura do jongo, como uma das heranças históricas da região.
A História das comunidades remanescentes dos quilombos, não estaria completa, não fosse pela musicalidade dos descendentes de africanos.  O distrito de Arrozal, na Cidade de Piraí, no Estado do Rio de Janeiro, carrega a verdadeira herança histórica da cultura africana, revelada em seus cantos e danças. O Jongo, também conhecido como caxambu e corimá, é uma dança de origem africana, praticada ao som de tambores; é uma música, essencialmente rural e faz parte da cultura afro-brasileira; influenciou, em especial, na formação do samba carioca, e a cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, como são chamados os seus praticantes, o jongo é alma e espírito do samba. O grande fruto dessa cultura, sem dúvida, foi o samba! Com seus tambores, construídos a partir de tronco de árvore e pele de animal, afinados ao calor da fogueira, o Jongo era o ritmo mais tocado no alto das primeiras favelas cariocas. Nas casas dos antigos sambistas e compositores de respeito e, na velha guarda das escolas de samba, havia sempre rodas de Jongo. Do ritual de encontro entre jongueiros, por meio de poesia de improviso a ser decifrada, surgiram os famosos versos de partido-alto e do samba de terreiro, que devem ser criados na hora, pelo improvisador, e respondido pelo desafiante. Uma herança clara das Rodas de Jongo.
São João Batista do Arrozal ou simplesmente Arrozal, é o terceiro distrito do Município de Piraí-RJ, e tratava-se de uma região muito próspera na agricultura; ocupava a mão de obra de, aproximadamente, dez mil negros escravizados nas culturas de arroz, cana de açúcar e café.
Até final do século XIX, o local serviu de entreposto comercial, grande parte da produção agrícola dos municípios paulistas e mineiros, do Vale do Paraíba, escoava por Arrozal, em direção aos portos do Estado do Rio.
Hoje, pouco mais de sete mil pessoas vivem em Arrozal e menos de 1% mantém as tradições de seus ancestrais, oriundas do continente africano, é nessa parcela que o jongo sobrevive.

Por: Eufrate Almeida
MTB 72.842-SP