PÁGINAS


CONSCIÊNCIA HUMANA X CONSCIÊNCIA NEGRA




Prof. Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier


No Brasil, todos os dias os negros são vítimas de agressão verbal e/ou física, fruto do racismo instalado no país.
Neste dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, foi a vez de um amigo, ativista e intelectual do Movimento Social Negro, Juarez Xavier, professor da UNESP de Bauru. Ele foi xingado de macaco e ao reagir ao ato de racismo, foi esfaqueado. O agressor foi detido e, em seguida, liberado pela polícia e vai responder em liberdade sobre o crime de injúria racial. Essa é mais uma ação da Consciência Humana, indignada, ao ter que dividir o mesmo espaço com um negro, na calçada de uma rua da cidade de Bauru, interior de São Paulo.

A próxima vítima pode ser o seu amigo, conhecido ou apenas mais um negro.
Enquanto atos dessa natureza, oriundos da falta de consciência humana, sacrificarem e vitimarem vidas, a Consciência Negra há que se fazer presente sempre.
Acreditar que o racismo está no negro, que o negro é mais racista que o branco, que temos que ter consciência humana e não Consciência Negra ou algo parecido é dar voz às cabeças e pensamentos racistas de plantão, que estão apenas aguardando uma oportunidade para destilar o seu ódio e promover uma onda de comentários semelhantes. E quando tais comentários saem dos dedos ou da boca de um negro, ignorante de sua história, contribui, ainda mais, para legitimar a pseudoteoria racista. Por isso, o comentário de Morgan Freeman, que diz que a consciência humana deve prevalecer sobre a consciência negra, é tão compartilhado nas redes sociais.

*Para quem desconhece esta parte do texto, Morgan Freeman, o excelente ator americano, em entrevista ao jornalista Mike Wallace, no Programa 60 Minutes, na CBS News, rechaça, desaprova a ideia de Consciência Negra. Segundo o ator, o importante é ter consciência humana. Perguntado sobre o que acha do combate ao racismo, ele afirma que se não falar sobre o tema, por si só racismo desaparece.

O que os seguidores dessa ideia não avaliam, é que trata-se de uma opinião individual de um ator americano, que do alto de sua fama hollywoodiana, não tem em sua história atos que contribuem para a luta do negro por reparação, por igualdade de condição ou algo que o valha.  Por tanto, esta figura ou o que ela expressa, não representa a opinião da população negra americana, tampouco da brasileira. Quem considera válido o conteúdo dessa entrevista, assina o atestado de ignorante sobre a história da diáspora africana.

Por: Eufrate Almeida
MTB 72.842-SP